ENTREVISTA COMANDO NUCLEAR




E COM MUITA HONRA QUE TRAGO A VOCES UMA ENTREVISTA COM O BAIXISTA DO COMANDO NUCLEAR , RODRIGO EXCITER, FALANDO UM POUCO SOBRE A BANDA



1 – CONTE-NOS UM POUCO SOBRE OS PASSOS DO COMANDO NUCLEAR

Primeiramente, obrigado pelo espaço e pela oportunidade! O Comando Nuclear começou a tocar em 2004, mas o embrião de tudo foi uma banda que tivemos muitos anos antes, o WarAge, em meados de 2001. Eu, o nosso vocalista Ron e nosso antigo guitarrista, Filippe, tocamos juntos por algum tempo nessa banda (que, aliás, voltou com suas atividades recentemente, com os músicos originais que estavam antes de eu e o Ron entrarmos, o som dos caras é excelente e são ótimas pessoas!), mas na época não durou muito. Depois que o WarAge acabou, montei um projeto chamado Enforcer com o batera Eric MadDog e convidei o Ron e o Filippe para se juntarem a nós. Logo no primeiro ensaio fizemos a música ‘Comando Nuclear’, e desde então sabíamos o direcionamento que a banda seguiria. Foi algo bem natural, e o entrosamento que já tínhamos facilitou muito as coisas. As coisas aconteceram bem rápido para o Comando: Fizemos um primeiro show com ingressos esgotados no extinto Arena Metal, em Osasco, e logo na segunda apresentação, no CervejAzul, recebemos uma proposta da Unsilent Records para gravarmos nosso debut. Na época estávamos em estúdio trabalhando em uma demo, então aproveitamos as músicas que já estavam prontas, criamos mais duas e lançamos o primeiro disco, ‘Batalhão Infernal’. Com o disco fizemos muitas apresentações pelo país, rodamos do sul ao nordeste do Brasil, e tivemos a oportunidade de tocar com grandes bandas – Tankard, Possessed, Omen, Torture Squad, Krisiun, Golpe de Estado, Made in Brazil, Stress, Vírus, Salário Mínimo, Taurus, Anthares e diversas bandas de amigos, como Selvageria, Blasthrash, Infamous Glory, Apokalyptic Raids, Flageladör, Farscape e muitas outras. Em 2008, durante os trabalhos para a gravação do novo álbum, o baterista Eric MadDog saiu da banda e convidamos Guilherme Incitatus, que tocava no Sangrenta, para fazer parte do time. Com ele entramos em estúdio rapidamente e começamos a gravar o novo álbum, ‘Guerreiros da Noite’, que foi lançado esse ano. Assim que o disco saiu, o guitarrista Filippe deixou a banda por problemas com a agenda – sim, é complicado conciliar vida pessoal, profissional e os compromissos com viagens, shows e etc. Foi um duro golpe, afinal tocávamos juntos há dez anos, mas rapidamente conhecemos Éric Würz e Rex, dois guitarristas que já tocavam juntos há anos e estavam sem banda. Logo após o primeiro ensaio conosco se mostraram os caras certos para seguir adiante, transformando o Comando Nuclear em um quinteto. Com essa formação já nos apresentamos em São Paulo e algumas cidades do interior, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul, e estamos indo a Belém do Pará agora. De forma reduzida, esse é o Comando Nuclear e essa é a nossa trajetória!



2 - COMO ESTA SENDO A ACEITAÇÃO DO PUBLICO SOBRE O 2° ALBUM DA BANDA, “GUERREIROS DA NOITE”?

Maravilhosa! O disco foi muito bem recebido pelo público e pela crítica. Havia uma grande expectativa pois foi um hiato de cinco anos desde o primeiro trabalho, então nós nos cobramos muito em relação à qualidade do material. Procuramos trabalhar pesado em todos os sentidos: Composições, gravação, produção, qualidade gráfica e afins, para que essa espera não fosse em vão. E depois de tanto trabalho, o resultado foi exatamente como queríamos. A aceitação não podia ser melhor, pois o disco saiu há seis meses e já está quase esgotado! Essa primeira prensagem (1000 cópias) é uma edição limitada, em slipcase com verniz de alto relevo, pois queríamos fazer algo especial para o público que esperou tanto tempo pelo disco. Ele está sendo lançado no início do ano em Portugal com duas faixas bônus ao vivo, e isso é mais uma prova da excelente receptividade que o álbum teve.

3 – COMO FOI O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO DO ALBUM?

Basicamente houve um processo bem simples: Eu ou o Ron escrevemos as letras e o Filippe encaixava algum riff conosco em estúdio. Nesse álbum há músicas de diversas épocas, porém ficou bem homogêneo. A música ‘Unidos pelo Metal’ já existia desde antes do álbum ‘Batalhão Infernal’ ser lançado, nós a fizemos em 2005 e já era presente em nossos shows há anos, bem como ‘Mestre das Mentiras’. O trabalho do disco mostra com mais riqueza nossas influências, há músicas rápidas e diretas e outras mais tradicionais, e essa variação é o que buscamos para que todas as nossas referências estivessem presentes no álbum. O principal é que buscamos sempre fazer algo que seja relevante e impactante hoje, e não apenas um revival de tudo o que já foi feito. Curtimos metal dos anos oitenta e nossa base musical é essa, mas não vivemos naquela época e o que realmente pretendemos é que nosso trabalho seja considerável e que tenha valor e sentido hoje.

4 – TEVE UM LANCE DE CENSURA SOBRE A MÚSICA “RITUAL SATANICO”? CONTE-NOS O QUE ACONTECEU.

Infelizmente isso foi uma surpresa negativa e que nos deixou realmente putos. A questão foi muito mais de preconceito do que censura em si, já que foi uma empresa privada que nos boicotou. O que ocorreu foi que depois a gravadora enviou o material para uma assessoria fonográfica prensar o álbum, assinou os contratos e pagou normalmente a fábrica, que recebeu e não relatou qualquer problema com o disco. Porém, ao iniciar os trabalhos de prensagem, essa assessoria entrou em contato com a gravadora devolvendo o dinheiro e recusando o material, alegando que fazíamos apologia à violência, contravenção das leis e sacrifícios humanos. Foi um golpe pesado, não esperávamos por isso. Além de ser um processo desgastante, perdemos cerca de um semestre por causa dessa merda, pois tivemos que buscar outra fábrica para lançar o disco. Infelizmente ainda há pessoas com esse tipo de preconceito. Ninguém é obrigado a gostar do que fazemos, nem da forma como fazemos, mas esse tipo de imbecilidade nos dá nojo.

5 – CONTE-NOS COMO ESTÁ SENDO OS SHOWS E A AGENDA DA BANDA

Nossa agenda está a todo vapor! O disco saiu em abril e até agora (novembro) já tocamos no Paraná, São Paulo (capital e algumas cidades do interior), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, e daqui a algumas semanas embarcaremos a Belém do Pará. Estamos com algumas outras datas em negociação e vamos continuar na estrada!




6 – A BANDA JÁ TEM UM PUBLICO CONSAGRADO PELO PAÍS AFORA. TEM A IDEIA DE LANÇAR UM DVD?

Sim, sem dúvidas. A galera de todo o Brasil tem nos recebido muito bem, fazemos amigos onde passamos e realmente gostamos disso. Gravamos uma apresentação recentemente no Rio de Janeiro, com três câmeras e áudio direto da mesa, e a idéia é procurar trabalhar esse material para um futuro lançamento (não na íntegra, mas como parte de outras gravações que pretendemos fazer).

7 – TEM UM VIDEO DA BANDA QUE ENTROU NO YOUTUBE, GRAVANDO EM VARZEA PAULISTA QUE PARTICULARMENTE AQUILO ME ARREPIOU, O VIDEO DA MUSICA “RESISTIR”, CONTE-ME COM SUAS PALAVRAS COMO FOI VER O PUBLICO CANTANDO A MUSICA INTEIRA COM A BANDA

Acho que posso escrever mil linhas aqui e não conseguirei reproduzir com palavras o que foi aquilo. Sem dúvidas foi algo mágico para nós, pois a energia e a empolgação do público refletem diretamente em nós, no palco. Sentir essa força da galera, praticamente abafando o som dos nossos microfones ao cantarem a plenos pulmões é a coisa mais gratificante que uma banda pode sentir, e é a prova de que estamos fazendo a coisa certa. Fazemos nossa música para nos divertir, então quando alguém se identifica com algo que nos é tão particular e compartilha isso com a gente, não há nada no mundo que possa quebrar essa corrente. Nesse show a que você se refere nós nos sentimos o quanto a galera gosta da gente e nos prestigia, pois não tocávamos em São Paulo há mais de dois anos e meio, e muita gente viajou de diversas cidades para curtir esse evento. E o mais legal de tudo isso é que essa manifestação de energia tem se repetido ao redor do Brasil, em praticamente todos os shows que temos feito. Acredito realmente que uma banda se faz ao vivo, é no palco onde mostramos o que somos e é ali que damos o sangue e o suor, e também é onde mais nos divertimos.



8 – O QUE VOCE COSTUMA OUVIR NO DIA A DIA?

Eu ouço muita coisa. Muita, mas muita mesmo. Metal em geral é o que mais ouço, mas vai muito além. Vai do crust ao rock’n roll dos anos 50, 60 e 70, do jazz ao hardcore, do blues às trilhas sonoras de filmes, e muita coisa entra nesse meio. Atualmente tenho ouvido muitas bandas novas, essa safra mundial de metal, crust e stoner tem se mostrado rica e é o que mais tenho acompanhado.

9 – QUAIS BANDAS DO CENARIO NACIONAL HOJE ESTAO SE DESTACANDO AO SEU PONTO DE VISTA?

No Brasil tem muita banda trabalhando duro e se destacando, aqui sem dúvidas é um lugar rico nesse sentido. Das bandas anteriores ao Comando Nuclear eu destaco o Apokalyptic Raids e o Bywar, que lançaram material recentemente e estão evoluindo cada vez mais dentro de suas próprias propostas. É maravilhoso vê-los mantendo essa pegada forte e se revigorando cada vez mais. Das ‘contemporâneas’, o Violator é sempre um destaque, pois além de grandes caras com idéias firmes, é a banda mais empolgante que se pode ver ao vivo. É energia, pura nitroglicerina! O Em Ruínas conseguiu lançar seu álbum e tem feito ótimos shows, o Selvageria é uma das minhas prediletas e nos divertimos muito, seja nos shows ou na estrada. E das bandas ‘novas’, destaco muito o trabalho do Leatherfaces, Fire Strike, Whipstriker, Thrashera, Axecuter, Vodkaos... Ótimas bandas, ótimas pessoas e com certeza vale muito a pena conferir!



10 – TEM UMA MUSICA QUE EM ESPECIAL EU OUVI E ACHEI SUPER FODA “SOMBRAS DO PASSADO”, CONTE-NOS SOBRE ESSA MUSICA

Fico feliz que tenha gostado! Essa música realmente é especial, e tem sido recebida muito bem ao vivo. Ela soa bem tradicional, calcada naquela velha escola de Judas Priest e Iron Maiden. A letra é do Ron, e é bem positivista. Fala sobre enfrentar obstáculos, ultrapassar as barreiras e vencer as dificuldades. Musicalmente, gosto demais das variações dela. O começo num dedilhado, passando por um riff cadenciado e cresce muito no refrão. Ao vivo é emocionante tocá-la, principalmente com a participação da galera cantando junto conosco.

11 – POR QUE A BANDA DECIDIU COLOCAR DUAS GUITARRAS NA BANDA AO INVES DE UMA COMO ERA ANTES?

Na verdade foi bem natural. O Filippe sempre foi um excelente músico e um grande cara (e continua sendo. Um dos músicos mais criativos e uma das pessoas mais responsáveis que já conheci), então a saída dele nos deixou tristes e preocupados. O disco havia acabado de sair e diversos shows já estavam marcados, mas ele foi um cara honesto e responsável ao extremo cobrindo sua última apresentação, no Paraná, e nos deixando tranqüilos em relação à continuidade dos trabalhos, pois se não conseguíssemos alguém para o show seguinte (Tatuí), ele estaria à disposição para tocar e cumprir o compromisso que já tínhamos assumido (o que não foi necessário, pois já estreamos nesse show a nova formação). Então a transição foi tranqüila, sem traumas. Nesse meio tempo conheci o Éric num bar de SP e começamos a bater um papo, e ele comentou que era guitarrista e estava sem banda. Disse também que tinha um amigo que tocava há anos com ele, e que também estava parado. Como eu e o Ron já estávamos pensando em dois guitarristas para a banda, para dar uma nova cara ao Comando e também para termos mais variações ao vivo, acabamos marcando em ensaio com eles e a coisa funcionou perfeitamente. Tanto o Éric quanto o Rex são excelentes pessoas, ótimos músicos e revigoraram o som e o ‘espírito’ do Comando, pois vieram com idéias próprias que agregaram muita coisa ao nosso trabalho. Não seríamos nada sem o Filippe, ele foi o motor responsável pelos riffs que estão nos dois álbuns, e agora que essa engrenagem já está funcionando, o Éric e o Rex estão enriquecendo o trabalho que o Filippe já desenvolveu e criando novas músicas, dando um passo à frente. Mas o principal é que o Éric e o Rex são, além de ótimos músicos, pessoas excepcionais. Queríamos mais do que alguém para dividir os palcos. O que buscávamos eram pessoas para dividir os momentos da banda, quartos de hotel, aviões, ônibus, cervejas e tudo mais. E posso garantir que acertamos em cheio com ambos. Não ganhamos dois guitarristas, e sim dois amigos.



12 – A BANDA TEM ALGO EM VISTA PARA O EXTERIOR EM RELAÇÃO A SHOWS?

Sempre pintam propostas, mas todos no Comando Nuclear tem empregos fixos e isso dificulta muito as viagens internacionais. Já apareceram bons convites para tours na Europa, com cerca de 26 datas, mas estamos com dificuldades em conseguir conciliar as férias de todos os membros para encarar essa empreitada. Nosso disco novo será lançado em Portugal no começo de 2012, e acredito que as propostas se intensificarão depois disso, então tentaremos viabilizar uma maneira de acertarmos as férias de todos para cair no Velho Mundo. Recentemente tem pintado bons convites para a América do Sul, é algo que temos estudado e com certeza faremos.

13 – COMO FOI ABRIR O SHOW PARA O POSSESSED, UMA DAS LENDAS DO METAL 80’S

Uma honra e uma oportunidade única. Tocar com o Possessed, uma das bandas mais relevantes da história do metal pesado, foi especial para nós. Até porque somos fãs, já quase furei meus Lps de tanto que os ouvi! Tanto a produção do evento quanto as bandas foram extremamente parceiras conosco, e a estrutura foi fora de série. Três mil bangers agitando e curtindo o festival! Jeff Becerra é um cara ótimo, uma lenda e um exemplo. Bebemos juntos e ele se mostrou uma pessoa simples e divertida. E, em cima do palco, é um monstro! Esse show também foi especial porque foi a estréia do nosso baterista, Guilherme. Ele encarou o desafio de tocar nesse evento de última hora, pois na semana do show ficamos sem nosso baterista anterior, Erick MadDog. O Guilherme fez o show sem nenhum ensaio com a banda completa, apenas uma passagem de som comigo e com o Ron! Mesmo sem ensaios ele fez um show maravilhoso, se mostrou o cara perfeito para a banda ali mesmo, em cima do palco, anunciamos que ele era nosso novo integrante, o que fez o show ainda mais especial para a história do Comando Nuclear.

14 – DEIXE SEUS AGRADECIMENTOS AOS LEITORES E MANDE UM SALVE E CONTATOS PARA SHOWS

Obrigado ao Toxic Productions pelo espaço e pela oportunidade! O apoio que você dá ao underground nacional é animal, sempre divulgando as novidades, eventos, vídeos e entrevistas. É essa mobilização que faz a coisa acontecer, e fazer parte disso é maravilhoso. Sempre ótimo falar contigo, Fernando! E obrigado a todos que leram a entrevista. Para contatos sobre shows, CDs, camisetas e afins, ou mesmo para bater um papo conosco, basta enviar um e-mail para contato@comandonuclear.com.br que teremos prazer em responder! Valeu a todos, forte abraço!

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